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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Tchaikovsky, Piotr Ilich - Yolanta

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Pouco antes Vaudemont havia pedido que Iolanda colhesse uma rosa vermelha para que ele guardasse como recordação daquele encontro.
Como ela era cega, e até então ele não sabia (aliás, até este ponto Iolanda nem fazia idéia de que existia o sentido da visão!), em vez de uma rosa vermelha colheu uma branca e entregou a ele.
- Mas eu pedi uma rosa vermelha, disse ele.
Não tendo a mínima noção de cor, ela pergunta:
- Que espécie de rosa (vermelha) é essa?
Ainda sem perceber a situação ele insiste e ela colhe outra rosa branca.
Trocam mais algumas palavras e então ele percebe que ela não enxerga... Perplexo e consternado ele emudece...
Estranhando o repentino silêncio do desconhecido que tanto lhe interessou, diz Iolanda:
- "Tvajo malchan'je nepan'atna" , que significa algo parecido com "Não entendo o seu silêncio; o que foi que eu disse de errado?!"

Imaginando que ele havia ido embora ela vai às lágrimas, iniciando assim o deslumbrante dueto em destaque no Youtube, e cuja essência do diálogo que segue é mais ou menos a seguinte ...

Vaudemont: - Diga-me: Jamais passou pelo seu pensamento que o destino cruel lhe privou de um dom precioso? Você nunca se interessou em saber para que servem os olhos?
Iolanda: Os olhos me foram dados para que eu possa chorar... Ou você não sabe que as lágrimas ajudam a tristeza passar?
Vaudemont: Você não tem vontade de ver a luz e a gloria do Universo?!

Iolanda: O que quer dizer "VER"?

Vaudemont: Conhecer a luz de Deus!

Iolanda: Cavalheiro! O que significa "LUZ"?

Vaudemont:
A luz é o primeiro prodígio da Criação, o primeiro presente de Deus ao mundo; É a própria manifestação de Sua gloria, a mais bela pérola da Sua coroa.
O sol, o céu e as estrelas cobrem com inexplicável beleza o mundo, a natureza e todas as criaturas!
Quem não conhece a luz não pode amar o mundo criado por Deus, não pode adorar a Deus...
Graças a Sua luz eu, alma indigna, vi você, minha querida.
Vi a sua virginal e esbelta figura, a sua doce imagem.

Sim, a luz é o primeiro de todos os prodígios da Criação; o melhor dos presentes que Deus nos deu!


Exaltando os demais sentidos ela argumenta que não precisa de luz para "enxergar" a beleza que há nas coisas, que a bondade de Deus não tem limites, que a presença Dele se manifesta de várias formas e em todas as criaturas, fazendo, enfim, Vaudemont reconhecer que a luz ou a chama interior que ela possuía era tão ou mais importante do que a luz que ele conhecia.

Não terminasse a ópera com o milagre de Iolanda começar a enxergar (ou ao menos sentir a luminosidade), poder-se-ia dizer que a fala de Valdemont - apesar de fundamental para a seqüencia dos acontecimentos (era preciso que ela soubesse que tinha uma deficiência para que pudesse desejar a respectiva cura) - quase beira o sadismo.





Iolanta - Tatiana Lavrova
King Rene - Vladislav Andrianov
Vaudemont - Mikail Dovenman
Robert - Sergei Shaposhnikov
Ibn-Hakia - M. Bulatnikov
Almerik - V. Yurchenko
Bertrand - B. Levando
March - Oleg Golovin
Brigitta - Galina Skopa-Rodionova
Laura - Antonina Stupalskaya

Leningrad Academic Maly Opera Theatre Orchestra
Leningrad Academic Maly Opera Theatre Choir
Eduard Grikurov
1950


CD[a] - - - - CD[b]
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